nem tudo o que sabe bem faz mal ou engorda



Da Etiqueta e merdas que tais, ou como tu para mim não és um terceiro


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A propósito do tu e de tratarmos os nossos pais por tu.

Meus pais, além de nos tratarem à distância da terceira pessoa do plural, toda a vida se trataram na reverência da respectiva terceira pessoa do singular, de cada um deles!

Era o meu pai “E a Gina é uma isto e a Gina é uma aquilo…” referindo-se à minha mãe mas enquanto falava com ela, ao que a minha mãe costumava responder “E o António devia … e o António não pode… e se o António fosse realmente homem…” e por aí fora.
Este tratamento sempre me foi relativamente incómodo e estranho até certo dia.

Em certa ocasião, já eu era bem crescidota, voltava para casa em noite de Sexta-feira porque mandei às malvas o tipo com que ia passar aquele fim-de-semana. Entrei em casa sem me aperceber que o fazia silenciosamente. Só nesse instante me terei apercebido que os meus pais não contariam comigo em casa nessa noite. Nem comigo nem com os meus irmãos, que deviam estar todos na Quinta do Magoito. Isto porque dei em ouvir uns barulhos surdos, lá para o fundo do corredor. Pareciam vir da cozinha. Aproximei-me por entre a penumbra, muito devagar e sem ruído. A porta estava entreaberta e o que se deixou ver foi o suficiente para por ali ficar, de movimentos e respiração completamente suspensos.

A minha mãe, arregaçada até ao pescoço, estava completamente escancarada sobre a mesa da cozinha, à qual se agarrava, como se esta lhe fosse fugir (recordo-lhe os dedos da mão direita a reluzir de cachuchos) enquanto o meu pai, de joelhos entre as pernas dela a lambia sofregamente, aos solavancos que ela ia acompanhando entusiasmada arqueando todo o corpo. E o meu pai então gemia “Giiiina, diga-me que gosta, mostre-me quanto quer que eu lhe chegue. Suplique-me que a foda, supliiiiique Giiiina!!” e a minha mãe (eu boquiaberta!) “Foda-me Antóóóónio, venha-se dentro de mim, mas não António, não paaaaare António, continueee!” E isto foi toda uma nova dimensão que se me deixou antever em resultado desta visão furtiva.

Apercebi-me de como o tratamento na terceira pessoa funcionava! Com o tratamento na terceira pessoa, ninguém, mas mesmo ninguém, seja em que circunstância for, perderá verdadeiramente a sua dignidade e compostura! Mesmo que grite como uma loba e se lhe vislumbrem distintamente dois dedos no cu.



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