nem tudo o que sabe bem faz mal ou engorda



mulher

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«Olha Virgílio, da minha virgindade vou escrever um dia destes» Foi assim que lhe anunciei como fazia tenção de nos mostrar.

Da última vez que nos encontrámos, Virgílio ficou embaraçadíssimo. Disse-me que por acaso calhou ler este ‘diário de si’e ficou boquiaberto. Referiu-me que eu nem me tinha dado ao trabalho de alterar os nomes!
- Ora Virgílio - como vês, sou mesmo uma despudorada – tem calma! Asseguro-te que ninguém, mas ninguém mesmo, sabe quem nós somos.

Repara: Assim, Susanas Isabéis existem quê!? Seguramente umas centenas, não é? Depois, divorciadas como eu são quantas? Devem ainda ser umas boas dezenas, não achas? Das que perderam a virgindade assim com um tipo como tu, chamado Virgílio, serão quê, três, quatro? Ora e por fim, libertina assim como eu, só eu mesmo!

;)

Estou a brincar. Ninguém sabe quem somos. Posso até dizer onde moras actualmente! Posso por exemplo referir ‘Roma’ e assim despisto tudo e todos. Posso até dizer Av.ª de Roma e pimba! Aperto o cerco - sentes o frisson?
Descansa Virgílio que nem sequer falo na Vává, onde nos encontrámos e onde tu tomas o teu pequeno-almoço todos os sábados…

Isto não é nada. Aliás tudo isto é mentira - Queres ver como é que os despistamos!?
Eu não me chamo Susana Isabel, nem foi assim que perdi a minha virgindade:

Já me tinhas chegado, ou antes a tua voz. Eu sabia que seria contigo. A tua voz, mensageira de ti precedeu-te, anunciou-me que serias tu, um dia, a descobrir a minha flor. Tu lembras-te Virgílio? Claro que te lembras. Para ti também foi a primeira vez. Nunca me confessaste mas eu sempre o soube. As mulheres, Virgílio, nasceram com este dom, de saberem o indizível, o inconfessável. Parece que adivinham mas na verdade sempre o souberam, mesmo sem o saberem. Não há nada de bruxedo nestas coisas e muito menos nisso a que tão pomposamente se costuma chamar de «sexto sentido». Qual «sexto sentido» qual carapuça! Não há olho nenhum na testa! Isso é tudo uma grande falácia! Essa do «sexto sentido» está para as mulheres como o achar moedas está para os gaiatos. Porque é que as crianças acham mais moedas na rua que os adultos? As mulheres são mais sensíveis e atentas e os miúdos são mais pequenos. Assim, as mulheres reparam em certas coisas e os miúdos estão mais perto do chão! Mas deixemo-nos de psicologias estultas - que como diz e bem uma amiga minha é expressão tautológica.

Dizia eu, que sempre soube que tu, Virgílio, serias o primeiro. Estava guardada para ti. Não que, como já o escrevi, fosses assim uma espécie de príncipe encantado, não! Eu tinha essa consciência. Estavas longe dos ditames da moda, mas já então e bem agora, sempre fui capaz de distinguir o acessório do principal, o que é construído do que nasce inato. E tu Virgílio, desengonçado e distraído, leve e solto, eras, quando para ti olhava, o homem. O ser que havia de me descobrir o caminho. Eras o navegador que haveria de se fazer ao meu mar e com a sua quilha rasgar-me as ondas, navegar-me, entre promontórios e penhascos, cabos e rochedos, ventos e tempestades. Não me enganei. Juntos descobrimos os caminhos de cada um. Juntos experimentámos o prazer que é usarmo-nos, usufruirmo-nos nas descobertas do que guardáramos até então dos olhos um do outro.

Não planeámos grande coisa e aí residirá seguramente parte da magia, parte desta memória que me é tão grata. Tivemos sorte, se isso a que se chama sorte chega sequer a existir. Se isso a que se chama destino não somos antes nós, que nos planeamos, que nos entretecemos com linhas invisíveis, nas quais vimos a tropeçar mais tarde. Nessa altura podemos chamar-lhe destino, má sorte ou mesmo azar, mas na verdade fomos e somos sempre nós. A sorte fomos nós que, atentos, nos soubemos cuidar em momento anterior. O azar fomos nós, que não soubemos ver mais além, tal como o inepto jogador de xadrez, que jogando a rainha para a casa contígua ao rei inimigo, chama má sorte ao resultado. Está lá tudo, ou pelo menos quase tudo. Só temos que saber ler, que saber interpretar. Só temos de saber escutar, de ver, de pensar.

Daquela vez em que nos encontrámos na casa da azenha, talvez não soubéssemos que seria assim, mas já sabíamos de nós, de quanto e de como nos estávamos reservados. Agora sei que terá sido por isso que senti aquelas cócegas nas coxas e na barriga enquanto acendíamos o lume, ainda antes da hora do almoço. Já o sabia. Uma parte de mim já tinha decidido e inclusivamente já se preparava para a ocasião. Recordo-me apenas dessas cócegas estranhas na barriga, como se só desaparecessem se as conseguisse coçar por dentro...

Deixámos o lume aceso naquele enorme lar e viemos para a beira do rio apanhar lenha. O rio Vez estava lindo naquela altura do ano. No verão costumávamos tomar banho numa das suas piscinas naturais, bem perto da pequena cascata, onde no Inverno pescávamos, mas naquele dia não. Almoçámos em casa do meu tio-avô, por cima da farmácia, onde a Genoveva nos dava o seu cozido rico, que mesmo em miúda sempre gostei e os seus charutos de ovos. Genoveva, minha querida Genoveva, só poderás ter ido para o céu, mas se não foste, se te barraram o caminho foi decerto pelo pecado dos charutos de ovos que tão bem sabias fazer e de como nos mimavas e apaparicavas, minha querida Genoveva...

Estávamos perto do Natal e eu tinha 16, quase 17 anos. Esse dia, já bem perto das festas era o dia que nos sobrava a sós. O dia de que dispúnhamos antes do corrupio que é o Natal nos Arcos. Por isso reservava-me para ali, para a casa da azenha, para aquele dia de Inverno. Até então já tinha experimentado muita coisa, mas continuava virgem. Pode-se dizer que dominaria a arte de gozar sem propriamente lhe chegar. Porquê? Porque sim. Porque não somos cães. Porque apesar de rebelde ainda e sempre serei fruto de séculos de educação judaico-cristã. Porque mesmo para ser rebelde nos têm de deixar.

Nesse dia contudo soube que era chegado a altura. Virgílio também o terá pressentido, uma vez que preferiu ficar comigo em vez de ir à vila, como sabia que ele havia combinado na véspera. Estávamos no fim da tarde, enroscadinhos numa enorme manta de lã bem perto da lareira, enquanto ouvíamos a água nos púcaros da azenha, a água do rio que corria… na verdade tinha passado a tarde toda com uma tesão absolutamente latejante. O quente da lareira, o som da água, o toque da lã, os abraços e a conversa, tudo, mas tudo mesmo descia por mim abaixo para se fixar ali, onde as cócegas eram cada vez mais intensas. Por várias vezes tive de me conter para lhe não cair em cima das calças, completamente desgovernada e sôfrega, como se só existisse aquele macho, aquele alto nas suas calças. Disfarcei o melhor que pude este meu ar de cadela com o cio, que na verdade me embaraçava, uma vez que não me apercebia que Virgílio estivesse, nem de longe nem de perto, em semelhantes condições. Ficámos naquilo uma eternidade, a mim pareceram-me uma eternidade todos os segundos em que lhe não enfiava a mão nas calças…

Quando dei por mim estava de pé, sem saber que fazer, mas de pé, nervosa, por me ter levantado. Sem pensar levantei a saia e disse-lhe, Lambe-me! Ele estava de joelhos e olhou-me. Como se demorasse uma vida e com receio que começasse a falar, disse-lhe com mais determinação e apontando com os dedos, Lambe-me aqui! Como não se mexeu, avancei de pernas meio afastadas e saia levantada, mesmo até à sua cara. Agarrei-lhe a cabeça e depois a nuca com força. Ouvi-lhe um gemidozinho e apertei-o com força. As mãos dele agarraram-me as pernas e senti-lhe a língua quente, a invadir-me profunda e demoradamente. Eu já era o Vez que ouvia correr lá fora. Fomo-nos reclinando até ele se deitar por completo e eu ficar sobre a sua cara de joelhos. Montei-lhe a cara, devagar e compassadamente. Senti que o inundava, a boca, o nariz. Dobrei-me e abri-lhe então um a um, lentamente, os botões das calças. Ainda estava a meio e já aquele pedaço de carne pulava na minha mão, contente por se apanhar liberto, ao ar livre. Apeteceu-me engoli-lo ali para sempre, mas deixei-me ficar apenas pela ponta, pela glande húmida.

Quando me quis levantar as minhas pernas tremiam. Deixei-me então descair para cima da manta, bem para mais perto do lume. Ele desabotoou-me a camisa e avançou para o fecho do meu soutien. Tinha-o surripiado à Ana, a minha irmã do meio, e era maior do que eu eventualmente precisaria, mas eu gostava de me ver reflectida peituda nas montras, de me espreitar de peito redondo e grande e sabia que os rapazes também. Ajudei-o no desaperto da coisa, sem sequer mostrar os dentes. Continuava capaz de varar mundo, pelo que não me era nada difícil fazer o ar de loba faminta de olhos meio fechados. Os meus seios saíram aos pulos, também contentes por estarem livres e até eu fiquei espantada com o seu tamanho. Parece que se tinham adaptado ao espaço livre da caixa do soutien. Vaidosa, reparei como os seus bicos apontavam o tecto, muito rosadinhos e rijos. Ele demorou-se a beijá-los, a medir-lhes o tamanho, a admirar-lhe as curvas e eu fiquei assim, quase adormecida.

Acordei com a sua voz grave a pedir-me suave, de uma forma que eu achei absolutamente encantadora:
- Abre as pernas Xaninha!
Não hesitei. Virgílio agarrou-me logo abaixo dos joelhos, enquanto me abria as coxas. Já sobre mim apontou-a, primeiro muito ao de leve, depois deixando-a entrar muito devagar, avançando com as mãos por mim acima só parando no pescoço que agarrou. Senti uma dor fininha, mas que se esvaiu quase de seguida. Beijou-me profundamente enquanto se empurrou até ao fim e ao cabo e assim ficou, como se continuasse a entrar sempre e cada vez mais, mas imóvel e de mãos no meu pescoço, agarrando-me com força e ao mesmo tempo com imensa ternura. Ergueu-se sobre mim e lentamente começou a mexer-se em vai e vem.
Não demorou tempo nenhum. Abri os olhos e reparei na cara dele, de uma intensa felicidade enquanto me olhava. Veio-se logo, aos sacões intensos e espasmódicos. Senti-o a vir-se, a latejar. Até senti o seu esperma inundar-me, coisa que hoje raramente sinto.

Não me vim, não nessa altura, mas não me importei absolutamente nada. Senti-me uma verdadeira mulher, agora no seu lugar de mulher, querida, bem amada e bem fodida, como toda a mulher deveria ser sempre.


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